outubro 27, 2007

Feira do Livro

Começou. Já fui, "planfletlar", ou melhor, postal-cartonear, pra divulgar a sessão de autógrafos do Inventário das Delicadezas.

E é estranho, mas me parece que as pessoas que realmente gostam de livros, que realmente compram e gostam de ler livros, não estavam lá. Não estavam lá porque os livros que possivelmente buscariam estariam subjugados e sufocados pelos Auto-ajuda, pelos Esotéricos, pelos Livros Técnicos, pelo Harry Potter.

E hoje na aula estávamos mesmo falando disso, e um colega levantou um dado que assusta: se a J. K. Rowling parar de escrever as continuações e aventurinhas do garoto com o raio na testa, aproximadamente dois milhões de pessoas, no mundo, ficaram desempregadas, pois são remunerados por atividades diretamente relacionadas ao Harry Potter. Absurdo, não?

E o mais estranho é que esse fenômeno, pelo menos até onde se sabe, não serviu pras pessoas se sentirem incentivadas a ler. Elas querem consumir o Harry Potter até o esgotamento, até sugar a última gota de poção mágica que possa aparecer em Hogwarts.

Até que o Harry Potter é interessante, sabe. Eu acho que também gostaria de lê-los todos, se não achasse que o meu tempo destinado pra leitura já é pouco e, portanto, deve ser usado para coisas que me serão mais úteis, como um Eça de Queiroz, um Imre Kertesz, uma Anaïs Nin, um Saramago. Mas o que me espanta são as pessoas que descobrem a leitura, descobrem a voracidade pela leitura (sim, porque pra ler aqueles calhamaços empolgadamente, um seguido do outro, tem que ser a partir de uma certa voracidade, certo?), o prazer que isso proporciona, e não continuam, não vão adiante, não alimentam isso com mais leituras, mais diversidade de leituras, mais variedade, mais profundidade.

Eu só queria ter disciplina e uma dedicação integral à escrita. De repente eu faço alguma coisa bonita e que sirva pra saciar a voracidade alheia.

Ah, e antes que eu me esqueça: sessão de autógrafos do Inventário das Delicadezas na Feira do Livro, segunda feira, no Memorial do RS, às 18 h. Compareçam!

outubro 23, 2007

Um pequeno desabafo

É incrível como as pessoas más do mundo conseguem se encontrar, se esbarrar, se reconhecer. Mesmo não tendo nenhuma relação, em princípio, além dessa de serem más.

É absurdamente incrível como elas, as pessoas más do mundo, se encontram e daí se juntam, se aglutinam feito mercúrio, viram grandes bolhas, espalhando seu veneno pelo mundo.

Argh.

outubro 22, 2007

Food and Me - October's SelfPortraitChallenge

Hi, I think I finally got to post the pictures in the SPC site.


Not the perfect way yet, but still better than having a imageless post.


For me, besides all that I've written there, food is mainly a reason to gather up some friends and enjoy flavours and tastes and sensations.


I think I got the main idea now: sensations. The sensation of caring, of tenderness, of friendship, of love. Since I read the book Like Water for Chocolate, by Laura Esquivel, I realized you put most of yourself in food, when preparing a meal.


When I cook for Boyfriend, or to my friends, as I slice onions, tomatoes, garlic, or chop up spices and other ingredients, I always think of good things, always imagine how good the mix of all the flavours being used can become. And it might reflect on the results. And it makes me happy to please the people I love.


On the other hand, it's so good to have someone to prepare a great meal, and I feel very special whenever I first go to someone's house (or, ok, not exclusevely at first times, but specially) and he or she takes his/her time to throw something in a pan and turns it into great, delicious food.
I tried to show that with this picture. It was the first time I went to a friend's house, a friend as nice as the paella, the wine and everything else she served.
Yummi! Nothing like having friends, that's what I always say!

outubro 20, 2007

Self portrait, but where are the pictures

As you can see in the new Friday #3, at SelfPortraitChallenge, I can't manage to post the pictures the right way.

I feel very bad, because the pictures this week were great. Delicious.

I'll keep trying a couple of more times to make things right.

If anyone has a tip, please, send me! Help!

Uma Ferrari

Esses dias estava vendo Desperate Housewives e a Gabrielle diz pra um menino (o filho daquela que se matou e que eu não lembro o nome agora) que tenta agarrá-la: "sweetie, don't highjack a Ferrari if you don't know how to drive!".

Achei ótima a comparação. Achei ótima a frase. Tudo isso pra dizer que eu comprei uma ferrari, e não, não foi com beijos. Custou meio caro, até, mas funciona. E é bonita! E é vermelha da cor da Pucca.

Não, obviamente que não estou falando de um carro. Não sei dirigir, e não sei se quero aprender. E também acho que já há carros demais pelo mundo, e aqui podemos entrar numa outra discussão completamente diferente e que não tem nada a ver com o que eu quero dizer.

Comprei um computador que é uma ferrari, vermelho e tudo.

O único porém encontrado até agora é o ponto de interrogação. Como o teclad0 está em inglês, as teclas e acentos estão em lugares diversos daqueles com os quais meus dedos já estão acostumados. Sim, porque eu sou antiga a ponto de ter tido aula de datilografia no colégio, que me machucava as mãos e que eu odiava profundamente e que hoje enxergo o quão valiosas foram aquelas sessões de tortura porque hoje sou dessas modernas que não fica catando milho e cujas mãos vão sozinhas pelas letrinhas. Bem, voltando. Ao adaptar o teclado para o portugês abnt não sobrou espaço para a interrogação, eu ainda não encontrei, não sei onde foi parar, não sei como escrever.

E como é que eu vou seguir a minha jornada de questionar tudo e todos e o mundo sem a interrogação, me diz.

Ok, ok, estou perdendo a big picture aqui e olhando só para o lascadinho na ponta. Mudarei o ângulo da perspectiva então, porque meu computador novo é lindo. E funcionante. E rápido. E ele eu sei dirigir!

outubro 15, 2007

Aniversário

Amanhã (ou hoje, dependendo do ponto de vista) é aniversário de Boyfriend.

E estou quebrando a minha cabeça para saber que presente comprar para o melhor namorado de todos.

É fato que ele é um chato de marca maior, durante a maior parte do tempo, mas é assim que ele é, e mesmo sendo assim ele encontra meios de me fazer muito contente, durante a maior parte do tempo.

Ele foi uma das melhores descobertas que eu já ousei fazer, e é um dos melhores desbravadores que eu conheço (sim, porque eu não sou lá muito fácil, sabe, e sei disso). Ele ri das minhas bobagens, mesmo das mais sem-graça, e me faz companhia. Aliás, tirando para aquelas atividades típicas de fazer com as amigas, ele é a companhia perfeita. Aliás, tirando as atividades que eu escolho fazer só com as minhas amigas (porque tem horas que só uma menina para entender outra menina, sabe), escolheria inclui-lo em todas as atividades.

E tem uma coisa engraçada, sabe, que é o não-falar. Muito se diz quando as pessoas não-falam, e, pra mim, a melhor forma de dizer qualquer coisa é demonstrar. Ele tem demonstrado, de várias maneiras, em vários momentos, de diversos ângulos de visão. Eu, do meu jeito tosco e destrambelhado, desastrado e espaçoso, tento demonstrar também. Tento retribuir a confiança e o contentamento, não da minha maneira, porque daí seria um desastre, sabe, como todas as minhas tentativas de demonstração de afeto, mas da maneira que o faz contente, que o satisfaz.

Ele discute quando acha que eu não tenho razão, mesmo que eu diga que sempre tenho razão. Ele estoura meu grande balão colorido voador e me coloca os pés no chão, de novo, e, bah, como isso me alegra. Ele diz que tem medo, mas eu sei que é só desculpa pra segurar a minha mão. Ele lê o que eu escrevo e me diz quando está bom e me diz quando está ruim. E, independente da opinião, ele me diz pra continuar escrevendo. Da mesma maneira que eu incomodo ele pra continuar ensaiando.

São dele muitos dos méritos de eu ser tão mais tranquila. Ou, ao menos, mais controlada. Isso é bom? Para mim, por enquanto sim. São dele os méritos de muitos momentos legais que tive nos últimos tempos. Mas eu sei que ele não é de todo responsável.

Ele é responsável, sim, é por me provocar a ser uma pessoa melhor, por me instigar a saber mais, a tentar ver o mundo de outras formas, por me deixar tão à vontade para ser eu mesma.

Não tenho palavras (quer dizer, tenho as palavras, mas todas elas são explicitamente íntimas, e de uma intimidade que eu opto por não deixar pública, porque sei o quanto ele é avesso à publicissismos.) para dizer o quanto gosto dele. Mas tenho uma foto. Melhor dizendo, tenho milhares de fotos, e montagens e tudo o mais, mesmo sendo ele tão avesso a fotos. Mas esta, em específico, fala mais do que eu poderia dizer aqui escrevendo sem parar.




(you are my neverending party)

outubro 14, 2007

Fim de feriado

Fomos Boyfriend, Dani e eu para Torres, onde a família dela tem casa. Três dias sem muito sol, com muito vento e alguma chuva. Ah, sim, e frio. E, claro, a comilança típica de dias cinza. Que nem foi tanta assim, mas que, pela falta de atividade física (jogar cartas conta como atividade física?) parece maior.

Apesar de não ter sido a tranquilidade imaginada e almejada, foi ótimo ter saído da cidade. Do ar da cidade. Da pressão atmosférica da cidade, feito panela e nós, feijõezinhos cozinhantes, espumantes, prestes a estourar.

Vimos filmes. Eu, de minha parte, li pouco, mas escrevi razoavelmente bastante. Quer dizer, escrevi. E, partindo do zero, algumas páginas podem ser consideradas bastante, certo? Certo.

O fato é que a ansiedade me perseguiu. Pulou dentro da mala sem que eu tivesse visto (vai ver que é por isso que estava tão pesada, a mala) e foi junto rumo ao litoral norte. Ficou me rondando, enquanto íamos ao restaurante, e depois enquanto me decidia sobre que livro ler - sim, eu sou daquelas que sempre leva mais de um livro, assim como mais de uma opção de roupa, para qualquer viagem, mesmo que seja de um dia apenas - e mais adiante enquanto pintava as unhas. Enquanto cozinhava não porque cozinhas me distrai de qualquer coisa, nada me apetece tanto (bem, quase nada) quanto ver os sabores em transformação, e acho que por aí a ansiedade deve ter ido tirar uma soneca. O problema é que ela voltou com toda a força enquanto jogávamos canastra e o meu parceiro não gostou muito de eu jogar alguns coringas e outras cartas boas para o outro time.

Ah, mas o que é que se pode fazer, com uma tremenda duma ansiedade mordiscando a perna, assoprando a nuca, assombrando as idéias? Assim não dá, nada dá muito certo, não acham?

O bom é que ter voltado significa poder resolver as questões que criaram tamanho monstro atrapalhador. Apesar do abafado da cidade, apesar da instabilidade do tempo, apesar da invasão em casa.

E é bom nem entrar muito em detalhes por enquanto. Assim que estiver tudo mais acertado, e eu tiver me livrado desse bichinho pinicante, conto mais.

Por enquanto tento lidar com esse fim de feriado, início de semana, retomada do trabalho nine-to-five-so-boring, sem ter que cortar os pulsos ou me atirar pela janela ou me afogar na chuva.

outubro 11, 2007

Não acredito em signos. Mas na sorte do Orkut sim.

Está lá, hoje.

A sorte destinada a você será cobiçada pelo próximo.

Se for essa de ser piada-cósmica em progressão geométrica, o próximo pode ficar. Eu deixo.

outubro 10, 2007

In the wee small hours of the morning

É quando eu consigo escrever melhor.

Na segunda, depois da discussão literária e gastronômica na Isolde, na volta, no táxi, as coisas - casas, árvores, portões e grades, carros estacionados, guaritas, prédios e postos de gasolina fluorescentes - me pareciam tão óbvias e tão belas e aquelas voltas e voltas me pareceram tão eternas e necessárias que poderia até adormecer não fosse o medo de ser assaltada/atacada/ou coisa pior.

E se não fosse tão tão tarde - note por favor os dois "tão", propositalmente para duplicar a sensação de tardiamento - poderia chegar em casa, tomar alguns copos d'água e seguir pensando, agora escrevendo, juntando as palavras como se juntam miçangas num fio. Talvez as miçangas não fossem exatamente combinantes àquela altura da manhã, mas certamente seriam brilhantes.

E hoje quando estava voltando para casa, depois de mais uma da série "situações patéticas em que se sente vergonha pelos outros", encontrei pelo caminho que faço sempre um carro estacionado pegando fogo. Não como nos filmes - e acostume-se que nada é como nos filmes. Isso que chamam de vida real pode até parecer, mas não há trilha sonora. E os diálogos não são tão interessantes... Ainda mais aqui. Aqui até é como a vida, mas com um tantinho de ficção. E também é um pouco como nos filmes, tirando as partes que são reais. Mas, como eu ia dizendo - Não havia chamas mas havia fumaça, muita muita fumaça, saindo do capô, e o ferro já estava chamuscado, com a tinta enrugada, com o vidro trincado. As pessoas em volta jogavam o que me pareceu ser o último balde por sobre o carro, e havia um policial coordenando o trânsito, que já estava um tantinho lento por conta da curiosidade fatalmente humana. O motorista, ou ao menos eu deduzi que era o motorista pelo ar desolado e perdido, quase distante, quase desesperado, apoiava as mãos na cabeça e abria a boca feito peixe que morre por falta de água.

Achei estranho. Achei o cheiro de queimado estranho. Não era metal, nem nada de queimado que eu já tivesse sentido. Era uma coisa meio borracha, meio química. Devia ser a tinta, ou os pneus, também enfumaçados. O cheiro chegou antes. Uma quadra antes e me atingiu nas narinas como se levasse junto a queimação, além do cheiro. Fuligem ardente. Arranhante.

O cheiro grudou em mim por dentro, impregnando o fundo da garganta, e por alguns minutos foi difícil o engolir e o respirar. A acridade colada em mim, impregnou também nas idéias, e até fazer a curva de quase chegar em casa o mundo me pareceu um tantinho pior, uma sequência de imagens de guerra e morte e corpos carbonizados e tsurus em origami depositados no monumento erguido para que ninguém esquecesse a destruição que pode causar o homem. Ou, melhor, a humanidade. Tudo isso passou, machucou um pouco, mas esvaeceu porque, ao fazer a curva, lembrei de pegar a chave - e eu sempre lembro quando faço a curva, nem antes, nem depois - e ela não estava no lugar, e a preocupação de não encontrar a chave a tempo empurrou para longe a fumaça e seu gosto ruim.

E ao chegar em casa, tudo o que mais queria era poder simplesmente estar. Descansar. Não me preocupar. Não ter que conectar o celular na tomada (puxa, a bateria poderia durar mais, não?), nem ter que pensar nas contas ou nas somas a fazer para que os cálculos fechem e os planos dêem certo.

Mas ainda vou longe, por aqui. Tem um texto me perseguindo, e, sabe como é, esses textos que perseguem e insistem, geralmente vale a pena ceder.

E em vez de estar simplesmente, deixarei-me ficar à disposição do texto, esperando que ele resolva pular para o papel. E, depois disso, ainda, arrumar as malas para logo mais viajar.

outubro 09, 2007

Diversão

Poucas vezes na vida me diverti tanto como ontem.

Depois de uma reunião sobre livros e tsurus e lendas e passarinhos (AVE, Pássaro!), fomos todas pra cozinha. Comida, vinho e fotos, pra mim, os melhores acompanhamentos para amizade.

Se fosse uma janta Puff, certamente haveria desfile de vestidos e camisolas. Se fosse uma janta tripartida, haveria ritual com velas e elogios.

Mas era uma janta literária, então falamos de livros, lemos livros, idealizamos livros, inventamos livros.

(É nessas horas que eu vejo como sou especial: pelas amigas que tenho!)

outubro 04, 2007

Antes que eu me esqueça

O rap, principalmente o gansgta rap, está para a nossa sociedade como o épico estava lá para Camões.

Sim, eu penso enquanto tomo banho.

E tiro várias conclusões. Não que elas possam servir para alguma coisa, mas, vá lá, se estivesse na faculdade, poderia muito bem escrever uma tese sobre isso.

Mas não estou mais na faculdade, e não preciso mais escrever teses nem trabalhos de conclusão, e isso me deixa tão contente!

outubro 03, 2007

For self portrait challenge - Food and me


For self portrait challenge - Food and me
Originally uploaded by Dona da Linguagem

This is me, pursuing a better way of life, by eating better. Last year, this same time, I started a diet, and began to eat more fruits and vegetables. And it worked, I lost some weight, my skin looked better, I felt better.

Sadly, my genes are not very helpful and this area, and, by winter (with all the staying-at-home, making dinner parties, chocolates and stuff), all the work went down the drain.

I feel bad again, and again, with the beginning of spring, I start to think about bikinis and skirts and strapy dresses again. And, again, I promise myself to eat better, and start exercising, and all that healthy stuff, and, most important, to keep the promise this time, winter coming or not.

outubro 02, 2007

E o que mais interessava à platéia era saber sobre o Che...

Sim. Absurdo, total falta de noção das pessoas.

Hoje teve a palestra com o John Lee Anderson, jornalista norte-americano, ou, um dos caras que escreveram uma biografia do Che Guevara, ou, um excelente pensador e crítico de sua própria cultura e, por consequência, do mundo. Lá no Fronteiras do Pensamento.

O cara é ótimo. Objetivo e mordaz, ácido sem deixar de ser bem humorado, na medida. E um excelente repórter, pois todos os fatos que narrou na hora e meia, mais ou menos, que durou a palestra e a sessão de perguntas, foram relatos honestos, objetivos, diretos. Ótimos.

O que mais me intrigou foi que as pessoas, quando foi aberta a oportunidade de enviar as perguntas, não queriam saber sobre a experiência dele no Iraque, e a comparação da atual situação de guerra com a guerra anterior, nem da opinião dele sobre o Afeganistão. Muito menos sobre o que ele pensa sobre a apatia da população norte-americana frente a esta guerra, com relação às outras guerras, e ao Movimento dos Direitos Civis nos anos 60. Nada. O que as pessoas queriam mesmo saber era sobre a opinião dele sobre o Che Guevara. E depois, a opinião dele sobre a biografia do Che escrita pelo Castañeda. E depois, como se não bastasse, se ele achava que o Che era um herói ou um assassino. O auge do absurdo foi quando a pergunta esbarrou no óbvio "você acha que o Che é uma figura importante para o nosso tempo".

Engraçado que, nas respostas dele, notava-se claramente a ironia. Dizendo que, dã, se ele não achava importante, ou ao menos interessante, não teria escrito um calhamaço de coisa sobre o cara. E que se as pessoas queriam saber o que ele pensava sobre o revolucionário, podiam comprar o livro dele e ler. E se ainda assim não bastasse, podiam comprar o livro do Castañeda e tirar suas próprias conclusões sobre o assunto. Eu notei a ironia. Não sei se o tradutor fez justiça com as respostas dadas.

E eu, que estava super interessada no assunto Iraque, Guerra, Futuro da Humanidade, manutenção da hegemonia norte-americana (sim, porque foi uma das poucas vezes em que um palestrante tocou neste assunto de maneira tão direta, objetiva e, acima de tudo, isenta, dando uma idéia geral do que está acontecendo lá no campo de batalha onde a coisa toda esta acontecendo, onde o sangue está sendo mesmo derramado, onde as pessoas não têm certeza se acordarão para ver o próximo sol), fiquei super-frustrada. Ainda mais porque sequer enviaram as minhas perguntas para serem lidas no palco.

Não sei que tipo de filtro ou de foco está sendo dado a essas perguntas, mas já não é a primeira vez que a parte das perguntas é tão desapontadora, simplesmente por falta de interesse, de curiosidade, de interesse, da platéia.

Copiado do PostSecret

Amo o Postsecret.





Comecei a ler há um tempo atrás, acho que o projeto estava bem no comecinho, ainda tinha uns arquivos das semanas anteriores, os segredos eram mais viscerais, menos bonitinhos, acho que os enviadores de segredos não se preocupavam tanto com aparecer no blog. Havia um específico, que me impressionou bastante, principalmente pela história submersa. O segredo era bem simples, bem casual, e dizia mais ou menos assim: todas as pessoas que me conheciam antes do 9/11 acham que eu morri, e pra mim, que amo as entrelinhas das coisas, era apenas a ponta do iceberg.





Confesso que às vezes acho os segredos bobos. Às vezes acho-os um tanto fake, um tanto para dizer "filma eu, Galvão". Mas, em algumas semanas - geralmente é um, no máximo dois, por semana - há um cartão que poderia ter sido escrito por mim, há um cartão que representa uma parte do que sou, ou, uma parte do que fui em algum ponto da vida.





E porque o tema é confessional, admito que, ontem, não havia nada melhor para me descrever que o segredo abaixo.






(À pessoa que mandou o postal para o Frank, não pense que estou roubando seu segredo. Você desvendou o meu quando o fez vir a público.)