outubro 31, 2008

Spooky!

Happy Halloween!
E, além de tudo começa a Feira do Livro!
Oba!

outubro 30, 2008

Porque aderir à campanha faz bem!

Amanhã começa a Feira do Livro

A imagem abaixo é a capa do Inventário das Delicadezas.

Nós, os autores, convidamos os amigos, leitores, colegas, vizinhos, interessados e afins, a entrar na Campanha Peça o Inventário na Feira. Basta chegar lá na banca da Nova Prova, que fica bem na entrada do café do Margs (que é um ótimo lugar de sentar, encontrar as pessoas, tomar um chopp, uma taça de champanhe, essas coisas que, além dos livros, também são boas da Feira.) e pedir um Inventário.

Ok, você vai dizer, mas darling, eu já tenho o Inventário, já tenho autógrafo e postais e tudo, pra quê eu pediria um lá na Feira.

Não, amores, eu direi, não estamos pedindo pra vocês comprarem (se bem que, se você ainda não tem o Inventário, seria uma coisa muito legal de você nos ajudar e comprar. E mandando um email pra mim, a gente resolve a questão dos postais e dos autógrafos!), apenas estamos pedindo para vocês pedirem. Porque precisamos saber se a editora vai mesmo levar os livros. E queremos que eles saibam (caso eles estejam mesmo nos boicotando - intencionalmente ou não) o que de bom eles estão perdendo!





Então, é por uma boa causa!

E se estivéssemos nisso pelo lucro (e pagar todas as contas direitinho não significa ter lucro!) certamente faríamos camisetas e flyers da campanha. Mas nos falta o dinheiro. E postar no blog e mandar email ainda é de graça!








PS: Nos vemos amanhã, na Feira?

outubro 29, 2008

O que faz de um homem um líder

Não é o fato de ele ser melhor, mais inteligente, mais forte, mais bonito.

É a capacidade que ele tem de enxergar um futuro para nós quando nós sequer conseguimos ver o chão em que pisamos e de nos entusiasmar com sua visão, e nos fazer abdicar das diferenças que nos separam para nos preocuparmos com as características que nos fazem semelhantes.





Ele é um líder. Desses que a gente não encontra por aqui.

Eu quero votar nele!

Agora mesmo

A chuva continua (e às vezes eu tenho a impressão de sempre sempre sempre repetir essa frase) e o sinal da Net acabou de cair.



Vai ver que é um sinal pra eu ir dormir.





Não posso garantir mas prometo tentar.

A diferença entre significante e significado

Agora que as eleições acabaram e os prefeitos já estão todos escolhidos, reservo-me o direito de comentar alguns fatos da eleição daqui de Porto Alegre. Ok, a partir de agora esqueça um pouco as diferenças ideológicas e partidárias. Considere apenas as pessoas e o que elas fizeram, sem vincular a isso qualquer sigla, símbolo ou partido.

O pior de tudo, pra mim, foi assistir, durante um dos programas, ao Chico Buarque, fazendo elogios a um dos candidatos. Candidato esse que, não raro, fez de tudo para vincular a imagem do Presidente da República à sua, numa atestada necessidade de validação.

Pois bem, o que leva uma pessoa pública a precisar da imagem de outra pessoa pública para ter alguma credibilidade? O quê, além da sua própria debilidade, ou, nulidade?

Penso que (e veja aqui o que o avançado da noite faz com a pessoa: como seria possível que eu exprimisse outro pensamento que não o meu, e pudesse falar de coisas das quais discordo? Mas, continuemos) isso é o que de pior uma pessoa pode mostrar de si mesma. É como se a pessoa estivesse o tempo todo dizendo, olhem para mim, olhem como eu brilho e como eu tenho uma imagem bonita e reluzente, mas por favor não procurem com muito afinco, porque não acharão nada além dessa casca, tão frágil quando uma verdade escrita na areia.

É como aquelas pessoas que compram os livros para enfeitar a estante, ou que não passam da leitura de um pequeno poema, e daí se intitulam conhecedores da obra do autor, como se leitura e conhecimento funcionasse com efeito fractal.

Lembra um pouco o Mágico de Oz, com todos os efeitos especiais e fumaça, só para esconder um senhorzinho montado numa máquina alta e cheia de botões, assustado e impotente.

É por isso que fiquei, mais que tudo, decepcionada ao ver a campanha de um dos candidatos à Prefeitura de Porto Alegre. Ok, houve erros e abusos de ambos os lados, e a cada programa eu perdia um tantinho mais da minha já tão rarefeita crença na sustentabilidade da raça humana. Mas o que foi pior, ao meu ver, foi a pessoa precisar chamar alguém da grandiosidade do Chico Buarque (bom, vamos desconsiderar o fato de ele ter aceitado isso. Vamos desconsiderar o fato de que ele sequer vota na cidade. Vamos desconsiderar tudo isso, porque senão o post vai ser imenso e pode seguir por caminhos inimagináveis. E vamos continuar.), como se a luz dele (ou o sucesso, ou a inteligência, ou, pra explicitar a relação com o título, o conteúdo dele) passasse automaticamente para a pessoa, como se, ao estar perto, a credibidilidade dele fosse automaticamente transferida para a pessoa.

O que essa pessoa (ou os responsáveis pela campanha ou mesmo o partido)ela não percebe é que apenas reflete, como um latão polido reflete o sol do meio-dia, mas fica completamente opaco ao cair da tarde.

E esse é o resumo da diferença entre significante e significado. E de repente as pessoas começam a perceber essas coisas, já não engolem qualquer coisa e passar a questionar mais o que fica por trás da fumaça ou o que vai além do basicão que se aprende no colégio (como conhecer de cor "de tudo, ao meu amor serei atento" ou "o poeta é um fingidor" e não saber o que passa "além da Taprobana" nem quem venha a ser Ricardo Reis e Alberto Caeiro.) e talvez isso seja aprender a pensar por si, e não aceitar qualquer coisa tão facilmente.

Mas talvez seja apenas uma aberração no comportament coletivo, conseqüência da crise mundial econônima ambiental e de pensamento.

Ou vai ver que eu já estou ficando com muito sono e já não consigo mais discernir entre o que está dentro e o que está fora, sabe, nessas horas em que o acordar e o dormitar são muito parecidos e se caminha com um pé sobre a linha do sonho e outro sobre a linha da realidade.









Obs.: Comentários comentados abaixo. E aguarde a campanha "peça o Inventário na Feira." Ok, se vc já tem um, ótimo, agradecemos, não precisa comprar outro. Basta ir lá e pedir. E se você não tem ainda, chegue lá na banca da Nova Prova e pergunte se tem. Só pra ver se eles vão mesmo deixar os livros lá à disposição.

outubro 24, 2008

High and Low literário

Então que ontem (e eu não consegui postar ontem mesmo, e não vou entrar no mérito desta questão e vou focar no assunto mais importante e já, de novo - e eu sempre faço isso - acabo tergiversando, eheheh, e eu adoro essa palavra, mas pra acabar de uma vez por todas com este parênteses antes que ele ocupe o espaço todo, vou fechá-lo e começar de novo), ok, vamos de novo.





Arrãm.





Bem, então que ontem aconteceu uma coisa muito muito boa que compensou a coisa ruim, ou melhor, a coisa um tanto desagradável que aconteceu anteontem.





Devo começar pela coisa boa ou pela coisa ruim? Vou começar pela boa, que me deixou mais empolgada.





A coisa boa, que de fato é muito muito boa, foi que eu precisei levar lá na Cultura dez exemplares dO Livro, porque eles pediram. Aliás, porque os clientes em São Paulo (e para saber mais sobre o lançamento do livro em São Paulo, porque eu ando fora de mim e totalmente relapsa, não escrevi nada a respeito, mas depois da Dani escrever - e ela falou tão bem sobre tudo - que eu abdico do post e linko aqui pra você ler) andaram pedindo, e faltou livro, porque os dez exemplares que lá já estavam foram vendidos e não estão mais! (Inclusive, no site da livraria, você pode ser o primeiro a opinar.)







Os postais do Kit-Inventário pré-venda.







Ok, empolgue-se como eu e a Dani (os outros autores do Inventário ainda não sabem, eu acho): os livros esgotaram! E estão sendo procurados e pedidos!





Para um escritor, ainda mais no comecinho-inho-inho, é uma excelente notícia! É um motivo para seguir em frente, é um item para colocar na lista dos porque-eu-devo-continuar-escrevendo, que fica dentro do caderninho de anotações para ser lida de tempos em tempos, quando o desânimo bater. (Ou a inércia, ou a insônia, ou o cansaço, ou todas as outras coisas que aparecem no meio do caminho, o que vier primeiro)





Pois bem, aí eu chego aqui e tenho que fazer alguns agradecimentos. Ao Boyfriend, por toda a paciência e incentivo do mundo. À família, por anos e anos de incentivo e situações absurdas que me proporcionaram a imaginação e a teimosia. Aos amigos, todos todos todos, que compraram os kits-inventário durante a pré-venda, que foram no lançamento, na Feira, muito obrigada!





Tenho que agradecer especialmente à Dani, que embarcou em todas as loucuras que eu propus e que me levou junto em todas as loucuras que ela propôs. E agradecer à família Ferreira, por todas as acolhidas e lanchinhos quando nos encontrávamos para ler e ler e ler. Daí agradecer à Leila e à família Teixeira (pela acolhida em Passo Fundo), e agradecer ao Emir, ao Leo, ao Luiz, à Lívia, ao Nelson, ao Paulo e ao Valmor, companheiros generosos durante toda a empreitada do fazer-o-livro.





E agora que comecei, não posso parar. Tenho que agradecer aos colegas de Oficina, por todas as palavras de crítica e de elogio, tão necessárias.







Os autores autografando a fila interminável, no dia do lançamento, em setembro de 2007.







Tenho que agradecer aos presentes no lançamento, dia 19 de setembro, na Livraria da Vila, todos que foram lá nos ouvir e nos ver e nos pedir que rabiscássemos nossos nomes nessa coisa tão preciosa que é o nosso livro. Principalmente à Ana e Mel, ao Tom, à Ale e o Gian, que foram lá! Obrigada, mesmo. Obrigada, Pam e Paolla, duas delícias com sotaque. Obrigada aos integrantes da Toca, pelo teto e acolhida. Obrigada à Marisa, da Página da Cultura, à Beta, da Livraria da Vila. À Josi. Ao Marcelino Freire, pelo apoio e digulgação, obrigada. Ao Davi Oscar Vaz, Rosel Soares, Anaê e todos os que estavam lá e de quem não gravei o nome porque sou muito tonta e estava muito emocionada. Não é sempre que se chega numa cidade que se não é inóspita (e São Paulo sempre me é tão acolhedora) ao menos é bem menos povoada de amigos como Porto Alegre, e ainda assim conseguimos ter presença e vendas.







Os autores em São Paulo, na sessão de autógrafos, setembro de 2008.







E já que estou nessa onda toda, necessária e já mais que na hora, tenho-quê, simplesmente, tenho que agradecer ao Charles (o patrono-da-Feira Kiefer), muito muito muito. Por ter, uma vez, em aula, rasgado três páginas de um conto meu para me mostrar onde realmente estava minha história (e foi um ótimo sinal que ele rasgou as páginas e não precisou desenhar pra eu entender!), e por ter me dito que se eu tenho um canhão eu não posso ficar perdendo meu tempo matando passarinhos e tenho que ir atrás de uma guerra de verdade (ok, a parte da guerra de verdade é complemento meu, mas a coisa do canhão da linguagem pra acertar passarinho ele disse mesmo), e por ter usado o chicote na medida certa e ter elogiado nos momentos em que eu precisava de um incentivo. E, acima de tudo, por ter escutado às nossas idéias sobre o Inventário, numa terça-feira de manhã (Mas, gurias, ele disse pra Dani e pra mim, quem é que vai comprar um livro sem que ele exista?) e, por causa da reação incrédula, simplesmente ter nos obrigado a tornar a coisa toda real e bem-sucedida.





Aí, sem querer me gabar, nem nada, o livro é lindo. A capa é bonita, a textura é gostosa, as histórias estão bem escritas e o trabalho todo, do início ao fim, foi bem feito. Foi pensado estrategicamente para vender, mas foi realizado com todo o coração, com toda a emoção, com as entranhas e as lágrimas (ok, ok, exagero, mas é pra dar a ênfase da coisa toda) dos autores. De autores competentes, diga-se, que estudam literatura e escrevem e reescrevem até que o trabalho fique, no mínimo, bom. E eu me orgulho disso. De tudo, do início ao fim. Principalmente porque lá no início nós nos lembramos de pensar em como esse livro chegaria na mão do leitor, em como o leitor receberia os contos, desde a capa até o marca-páginas. E porque nós pensamos em todos os detalhes, e porque sabemos que mesmo sendo livro, é também um produto, fizemos questão de que funcionasse mercadologicamente. E, até agora, considerando que fui levar mais dez exemplares lá na Cultura, posso afirmar que deu certo.







O livro lindo.







E aí, se você agüentou ler até aqui porque ficou curioso ou curiosa para saber qual é a parte ruim, pois bem, chegamos a ela.





A parte ruim é que, e é muito triste a constatação, apesar do livro ser tão bem-feitinho e tão bom, a editora (Nova Prova, sem links) parece querer boicotá-lo, ou, na hipótese menos má, sente-se envergonhada do livro. Sim, porque só pensando em coisas absurdas como vergonha ou boicote para explicar porque, dentre todos os itens do catálogo deles, mesmo tendo estoque disponível, eles não levaram nenhum Inventário para a Bienal de São Paulo. Nem levaram esse estoque (que não foi levado pra Bienal e que ainda está com eles) para o Lançamento do 104, terça-feira, no Memorial do Rio Grande do Sul.





Então assim, só para encerrar a parte Low da coisa, se eles, Nova Prova, não gostam do livro, tanto pior para eles. Demonstram uma grande miopia mercadológica e estratégica (dos meus tempos de Gestão Empresarial) e uma grande falta de tato. Mas isso é problema deles, porque nós continuaremos firmes nas nossas idéias de pensar estrategicamente (oh, boy, eu nunca mais tinha escrito estratégia e suas variantes tantas vezes em tão pouco tempo desde que terminei o curso. Prometo que vai passar.) e trabalhar nossas histórias com ardor e com afinco para revolucionar e construir o futuro da Literatura Brasileira, quiçá Mundial* e realizar livros lindos e emocionantes.



















































* Piada-interna dos autores do Inventário. Não conseguiria explicar. Tinha que estar lá.

outubro 21, 2008

Ela voltou

Depois da imensa participação no post anterior (obrigada a todos, prometo mais fotos divertidas e passíveis de interpretações diversas), duvido que os próximos sejam tão populares.

A insônia voltou. Domingo mesmo estava, durante um almoço delicioso (thanks, Leiloca), estava comentando que comigo, ela vem em fases. Às vezes demora muito, muito tempo pra chegar, e às vezes, quando ela chega, não há jeito de fazê-la ir embora.

Às vezes ela me deixa completamente atordoada, tonta, cheia de idéias. Às vezes, é apenas a sensação de estar para sempre acordada, com os olhos abertos, sem possibilidade de conseguir fechá-los para dormir.

Às vezes eu gostaria muito de ter todo esse tempo de atenção e consciência disponível, mas simplesmente não acontece assim, quando a gente quer. Mas aí, basta falar nela que ela chega, como uma amiga que ficou muito tempo viajando, morrendo de saudade, querendo toda a atenção para me contar todas as novidades. E aí senta ali, na beira da cama, me encarando, me constrangendo, me atrapalhando.

Às vezes, como agora, eu gostaria de poder descansar. De poder dizer a ela, por causa da intimidade entre nós, que ela me deixasse em paz, que fosse buscar um copo d'água, que fosse correr em volta da quadra enquanto eu tiro um cochilo.

Ou então, simplesmente, gostaria de poder fazer realmente algo de produtivo, sabe, abracá-la com todas as consequências do dia seguinte (sono, olheiras, lentidão de pensamentos), e dizer, a partir da intimidade que já temos, bem, então já que você está aqui, vamos, quem sabe, pensar nessa história que está me incomodando por tanto tempo e que não me deixa pensar em outra coisa ao longo do dia e que, como você pode imaginar, não consigo encontrar o caminho, nem do começo nem do fim.

Mas não é uma escolha minha. Ela vem quando quer, e fica como quer, quanto tempo achar que precise. E se ela decidir que vamos apenas ficar ali, olhando para o teto, enquanto eu penso nas coisas que poderia estar fazendo se ela não estivesse ali, bem, é isso que acontece.

De repente amanhã ela muda de idéia e me deixa falar. Mas este post é só para avisar que não estranhem os horários, ou se eu começar a mandar emails, bastantes e imensos, ou se eu não estiver no meu estado normal durante o dia, se você me encontrar ou me ligar e eu não responder com toda a atenção do mundo, se começar a dizer coisas sem nexo, que se algo assim acontecer, por favor não ligue.

Enquanto ela, Insônia, está aqui, me suga todas as forças, me deixa pela metade, ocupa todos os espaços. Às vezes isso é bom, mas às vezes é exaustivo demais. Mas é assim que acontece, quando ela está comigo.

Ela voltou. E pelas malas, parece que vai ficar.

outubro 14, 2008

Imagem por dia - Alternativo




Ao chegar no trabalho, deparei-me com esta fantástica imagem. Na confusão da obra (corrigindo, entre a confusão e a obra), a pessoa super-esperta* que ficou responsável pelas placas e sinalizações internas não se deu conta de que o aviso ficou para o lado de dentro da porta, quando deveria estar do outro lado, impedindo - ou, ao menos alertando os desavisados sobre a restrição - a passagem.



Se não tivesse o intervalo delicioso entre um banho de chuva e outro, entre uma atividade e outra, de cachorro-quente de aniversário de criança E piscina de bolinhas, certamente seria essa aí de cima a foto do dia, lá no imagempordia. E a legenda teria que ser algo assim: aos que entram, é restrita a saída. Ou, se você entrar, não pode mais sair. Ou, you can check out anytime you like, but you can never leave.



Ah, os absurdos do mundo. Apenas mais um pra minha - já tão vasta e colorida - coleção.







* anotação de sarcasmo. Just in case.

Eu deveria

Eu deveria estar escrevendo. Eu deveria estar estudando. Ou, eu deveria estar é dormindo.

Na verdade, a esta hora tão avançada, em que um dia passa a ser o outro (mas eu me engano dizendo que só deixa de ser um para ser o outro depois que eu durmo e daí eu fico me enrolando e tentando esticar ao máximo a quantidade de horas de um dia ao manter os olhos abertos, mesmo que a mente já esteja desligada desde que o dia oficialmente deixou de ser hoje e passou a ser ontem, independente do conceito a ele atribuído por mim.), eu deveria estar dormindo.

Deveria estar descansando. Deveria estar ao menos lendo, que é coisa simples de conciliar entre o deitar-se e cair no sono.

O certo mesmo é que eu deveria estar estudando, ou escrevendo, ou produzindo alguma coisa. Mas não.

Eu deveria estar mudando de vida. Não exatamente agora, neste instante, porque nada de muito importante me é possível realizar, considerando que já estou de pijamas e já escovei os dentes e agora me debato entre deitar recostada aos travesseiros ou sentar com as costas na parede, para evitar qualquer tentação de fechar os olhos "só por um minuto" e depois não conseguir mais acordá-los.

Eu deveria estar mudando a minha vida. Jogando tudo pro alto, esquecendo desafetos, desavenças, desamores e seguindo em frente. Deveria estar atirando para trás as dores e as perdas e cortando os laços que me prendem em definitivo ao estar aqui e deveria estar dando o primeiro passo para os próximos caminhos.

Eu deveria ao menos saber para que lado ir. Deveria ter uma vaga idéia de qual caminho seguir, que direção tomar, nessa nova liberdade. Eu deveria deixar as pesadas bolas de ferro que ainda arrasto, porque elas só me fazem ficar cansada e sem energia para o que realmente importa, e deveria simplesmente ir.

Eu deveria estar cuidando de mim. Deveria deixar uma parcela do meu altruísmo de lado e deveria desenvolver um pouco mais de egoísmo, assim poderia (deveria) me proteger mais e me resguardar e evitar de me deixar levar por tão pouco, ou de me magoar tão facilmente.

Eu deveria ser menos preocupada com a educação alheia (ou, digamos, a falta de educação alheia, que lhe permite jogar lixo na rua e maltratar animais e destruir o meio ambiente e usar carro em vez de transporte coletivo e usar o bem público para interesses privados e tentar sempre dar uma volta nas regras da coletividade chamando isso de "jeitinho" e encarar essa necessidade de "jeitinho" como uma característica positiva ao invés de assumir seu nome verdadeiro, que é corrupção, e mexer no "meu queijo" e falar bobagens quando deveria calar para ouvir melhor e se deixa imbecilizar ao assistir programas degradantes que não fazem pensar e optar por não pensar porque é mais simples e menos doloroso, entre outras coisas) e mais preocupada com os efeitos diretos disso tudo do mundo para comigo, especificamente. Assim eu poderia ter mais controle sobre a minha vida e o meu destino.

Eu deveria desistir, de uma vez por todas, de lutar com moinhos, gigantescos moinhos desativados, que só existem na minha imaginação. Eu deveria era usar essa imaginação toda para alguma coisa prática e útil. E por isso continuo a pensar que eu agora, neste exato instante, deveria estar escrevendo. Ou estudando. Ou as duas coisas.

Porque eu deveria ter a coragem de abrir mão de uma série de prazeres fugazes e secundários e me concentrar na atividade que me completa e que me realiza. Em vez de ficar tentando achar formas de sustentar esse vício, essa compulsão, eu deveria estar é sucumbindo a ela, entregando me completamente, de alma e sangue, a essa coisa mesquinha e solitária e tão deliciosa que é escrever.

Acontece que me falta o pulo no escuro, o passo no precipício, o avançar frente ao desconhecido. Acontece que eu me importo. Me importo se vejo alguma injustiça no mundo e me agito que ninguém mais se espanta. Me importo e me sinto responsável. Me sinto na obrigação de fazer alguma coisa, de mudar alguma coisa, de dar um soco na cara do mundo pra ver se ele acorda e resolve mudar sozinho, pra me deixar em paz com as minhas próprias necessidades de mudança.

Acontece que eu penso, também, que deveria estar dormindo, uma vez que não estou escrevendo, nem estudando, nem lendo, nem dando um soco no estômago do mundo, nem fazendo nada de exatamente útil ou produtivo. Ao menos, deveria estar descansando, reorganizando os esforços, colocando as idéias no lugar e as vontades em ordem de importância.

Eu deveria estar descansando a mente, desligando dos pensamentos sobre o que poderia estar fazendo ou sobre como seria uma pessoa melhor, ou sobre a maneira ideal de mudar o mundo, ou sobre o quando de sofrimento eu agüento e o quanto eu tenho que abrir mão.

Eu deveria estar deixando isso um pouco de lado, esse "martirismo" desnecessário, e deveria estar me concentrando em um heroísmo saudável, que eu não saberia bem explicar mas que se opõe diametralmente ao martirismo, esse, que sufoca e impede de seguir em frente.

Eu deveria é largar tudo e seguir em frente. Assim não estaria mais, nunca mais como agora estou, preocupada com a hora, com o avançado da hora, tendo que assumir que o hoje que chamo de hoje já é oficialmente ontem, mesmo que eu não tenha ainda ido dormir. Assim não estaria perdendo meu tempo com pensamentos e ações que não me levam a lugar nenhum mas me tomam tempo e espaço e energia, energia e tempo que poderia estar investindo em atividades que me reorganizassem meu espaço, que me pusessem de volta aos eixos, que me fizessem seguir novamente a trilha que sempre imaginei pra mim todos esses anos em que fiquei pensando e sonhando e imaginando quando deveria, certamente, ter ido dormir mais cedo, para acordar mais cedo e aproveitar melhor o dia.

Aí acontece sempre como acontece agora, esta tentativa patética de esticar os minutos, tentar ganhar mais dia do meu dia, quando na verdade eu ganho apenas mais olheiras e mais cansaço e mais minutos de atraso na contabilidade diária.

Ao menos se eu estivesse estudando. como gostaria. Ou escrevendo, como deveria. Ou dormindo, como me faria descansar e ficar pronta pra outra.

Ao menos se eu parasse de vez com essa mania do futuro do pretérito, eu poderia realmente deixar o passado para trás e passaria de subjuntiva para indicativa. E o futuro seria sempre conjugado a partir do presente, que é a ordem certa das coisas.

Mas nem isso eu consigo mais pensar direito, porque já é amanhã, enquanto eu continuo a pensar no que poderia ter feito, ou deveria ter feito ainda ontem e não fiz.

outubro 07, 2008

Pra não ficar em branco o dia

Há um mês, mais ou menos, comecei um curso de Libras, por solicitação work-related, e estou adorando.

Não dá pra estabelecer uma conversa longa e intensa, mas estou aprendendo.

E hoje eu precisei ajudar uma menina com deficiência auditiva (ela usava o aparelhinho na orelha, e provavelmente tinha um percentual muito baixo ou quase nada de audição. Tecnicamente um surdo é diferente de um deficiente auditivo, mas, na prática, tanto um quanto outro requerem uma certa atenção diferenciada. Mas voltemos.) e mesmo semi-analfabeta em Libras (que é uma língua, com regras e sintaxe própria, que a difere do Português) consegui entendê-la e consegui me fazer entender e conseguimos resolver a questão.

É claro que demorei muito mais tempo soletrando as palavras (lembram do a-de-amor-bê-de-baixinho-cê-de-coração da música, aquela? É esse mesmo!!) do que se soubesse o equivalente em sinais para cada palavra, mas o importante foi que pude ver na prática como uma coisa tão simples pode causar tão grande impacto na vida das pessoas.

outubro 01, 2008

For self portrait challenge - Mirrors

I have always been fascinated about mirrors. I guest it goes back to the time when I realized I was a unique individual. And to see all the changes and mood variations about myself through my reflection helped me understand more about me, and what I like and what makes me feel good or not. Because sometimes only the mirror can notice if I'm truly happy or if I'm hiding a deep sadness behind the smile.




Mirrors can't lie, and, most of the time, they are right about the images they reflect.


Take today, for example. That's a picture I took of myself today. Ok, the image is horrible and shaky, but even the rearview mirror of the bus could see I was a mess today.



To see more abou mirrors, go here.



To read a great text about mirror and women, go here. But it's in Portuguese.




Porque eu adoro uma teoria conspiracionista!

Demora um pouquinho, mas vale a pena.

Recomeçando.

E, então, como se fosse sempre assim, há o dia em que se acorda e a dor não está mais lá.

Não há mais enjôo* nem irritação. Nem é mais possível sentir os pequenos capilares cerebrais pulsando a cada jorro de sangue. A sensibilidade volta ao normal, e um bater de portas não é mais o fim do mundo.

E acorda-se novamente respirando. Sentindo o ar que enche os pulmões em vez da dilatação do diafragma que estica toda a pele e contorne os nervos. Nada mais disso. Apenas um quase silencioso murmurar, como se o corpo todo agradecesse a folga.

O peso se foi.

Agora já é possível seguir em frente.









* Perder-se-ão os acentos nas palavras como enjoo a partir de janeiro de 2009. Mas eles ainda valem. E eu ainda sou muito apegada a eles. O novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa diz que até 2012 os livros e gramáticas e as pessoas terão que se adaptar a esse novo jeito de escrever. Que eu acho deveras arbitrário, uma vez que as mudanças - essas mesmas que levam à evolução de qualquer língua viva - efetivas são as que partem dos usuários da língua para depois passarem a ser regra geral.