Há muito muito tempo atrás, numa galáxia far far far away, quando me aconteceu uma coisa muito ruim, e que me fez pensar a respeito do mundo, de mim, e da minha relação com esse mundo que me era tão estranho, resolvi fazer uma lista de todas as realizações pessoais (e intransferíveis) de que poderia me orgulhar. Durante algum tempo, andei com esse pequeno pedaço de papel na bolsa, como marcador de livro, e sempre que eu olhava para ele, abria-o e relia a lista, considerando cada item, rememorando cada feito descrito ali.
Depois passou, depois não fez mais sentido andar com o papel o tempo todo, e me bateu um medo de perdê-lo, e aí eu deixei-o em casa. E esqueci do assunto, tão incorporado e intrínseco em mim que ficou.
Pois bem que hoje, na febre de arrumar a mala, acabei arrumando também o armário (que a Danica diz ter um espaço virtual como o armário do Crônicas de Nárnia, para fazer caber tanta coisa - e, olha, Dani, hoje, depois de tirar tudo e colocar só o importante de volta, percebo que é verdade.) e, na passagem, algumas gavetas. Na verdade eu estava procurando algo que não sabia o que era, e que não consegui encontrar, mas me deparei com o papeleto.
Amassado, amarelado, mas intacto no conteúdo. Li como se na primeira vez. Lembrei de cada episódio. De cada decisão tomada para a realização de cada item da lista. Senti-me mais feliz. Afinal, resistir à tentação de entupir a mala de roupas e coisas só porque eu posso de repente numa possibilidade precisar, ainda mais nesta situação, ainda mais sendo Cristina, é um feito a se orgulhar.
A lista, previamente postada aqui.
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