Geralmente depois de fechar os olhos e cair no mundo dos sonhos, eu durmo super bem. Quando durmo, é verdade, porque o Senhor Sandman - aquele um que carrega um saquinho de areia e joga a areia nos olhos das pessoas para que as pálpebras pesem e as pessoas sintam sono e durmam bem até o dia seguinte - tem chegado em mim de mãos vazias. Aí até ele voltar e trazer uma nova porção de sua areia mágica, já é muito tarde e eu já fiquei horas e horas no vazio da insônia.
Ontem era dia de ver filme com Boyfriend, e assistimos a Sleuth, filme estranho, diferente, mas bom. Aí que o filme é curtinho, e mais o frio e mais as cobertas e tudo, me embalaram tão bem que mal acabou a história, dormi. E dormi tão bem que lá por quatro horas da manhã abri os olhos, como se fosse quase hora de acordar, e fiquei esperando pela luz entrar pela janela. E nada.
Aí que eu estava louca de vontade de acordar Boyfriend para conversar com ele uma porção de coisas que não tinha falado ainda, coisas que me aconteceram desde segunda feira mas que, por causa de outros assuntos mais urgentes nas conversas, acabaram ficando de lado.
Só que ele tem o sono super leve, e estava com medo de acordá-lo (porque daí inevitavelmente eu cairia no sono no primeiro instante deixando-o acordado até a noite do dia seguinte, como já aconteceu antes), então tentei me revirar pra lá e pra cá o menos possível e, na total loucura da pessoa, comecei a enumerar mentalmente os imeiles que escreveria assim que chegasse no trabalho. Alguns escrevem press-rilís nesses momentos, eu escrevo imeiles e mais imeiles. Com variados assuntos, diversas argumentações. Tinha um, inclusive, com citações com direito ao link para a busca do Google e tudo.
Como eu não queria acordar Boyfriend e a urgência de todos os assuntos e novidades estava me matando, fiquei escrevendo mentalmente a mensagem que mandaria pra ele assim que chegasse no trabalho. Aí eu devo ter dormido, porque não me lembro de ter assinado, não me lembro de ter recebido resposta (sim, porque além da loucura de redigir os imeiles, eu já conjecturo as possibilidades de respostas, e como faria a réplica a essas hipotéticas respostas. E, bem, sim, tudo isso de olhos fechados, ao mesmo tempo que penso ainda estar acordada quando deveria estar dormindo e tentando medir o tempo que isso tudo leva. Um caso perdido, eu sei.) mas lembro que acordei bem contente pela manhã.
Desnecessário dizer que não, não me lembrava da redação de nenhuma das mensagens e sequer lembrava da lista de mensagens a serem enviadas. O que me faz concluir de que eu realizo com tanto afinco e dedicação as tarefas em estado de vigília, que o meu inconsciente assume que estão realizadas, o que me deixa bem perdida no dia seguinte.
Talvez eu devesse considerar uma outra forma de combater a insônia, nessas noites perdidas. Acho que terei que escolher um país para enumerar os estados em ordem alfabética.
No início eu usava o Brasil mesmo, mas são apenas 27, e as aulas do colégio ficaram tão bem gravadas que chegava até o final e depois tentava de trás pra frente e nada. Aí foi mais ou menos na época do intercâmbio que eu passei para os estados Norte-Americanos. São cinqüenta, pensei, tenho entretenimento para várias noites. Realmente, chegava lá por Mississipi e eu já estava dormindo. Mas aí teve um dia que eu cheguei a Ohio, e depois cheguei a Tennessee, e daí pra Washington (e porque eu sempre esquecia de Wyoming e nunca chegava lá) e pra perder a graça foi um pulo.
Da próxima vez tentarei os países da Europa. Se bem que espero que da próxima vez - quer dizer, não esperando que haja uma próxima vez, mas considerando a possibilidade - eu não sinta tanto frio ou preguiça para me levantar e buscar meu caderninho e uma caneta, ou de repente esteja prevenida e já tenha deixado o caderninho e a caneta ao lado da cama, para que possa efetivamente escrever, e deixar registradas as palavras e frases - sempre tão bem construídas, devo ressaltar! - que são realidade só na minha cabeça. Assim ao menos posso passar a considerar as listas e mensagens realmente escritas, em vez de assumir que sim e esquecer do assunto e passar adiante.
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