janeiro 26, 2008

You can run...

Acho graça das pilhérias que as pessoas fazem publicamente, em seus blogs, fotologs, perfis em orkuts e afins, reclamando das invasões à sua privacidade. Suposta privacidade, uma vez que são elas próprias, essas pessoas tão ciosas de suas vidas, que se expõem, que se abrem, que se explicam, que contam, que revelam, e que inclusive se linkam, como se dissessem, olhe, tenho a intenção de parecer um mistério, um desafio, mas siga-me* os passos, e será fácil, não sou uma pessoa tão complicada e profunda assim.

But you can't hide!
Há sempre um meio de se descobrir. E, já que é janeiro e estamos em época de BBBs e todas as referências, há sempre um par de olhos que não se fecham, que não se cansam, que tudo observam.
(Isso, além de muito 1984, me lembra bastante o The Great Gatsby, quando a Daisy Buchanan/Mia Farrow fala dos grandes olhos que a perseguem pela estrada. Ótimo livro, ótimo filme.)
E por falar nisso, estou muito contente de ter me desligado do BBB8. Nas últimas edições, assistia (mesmo tendo plena consciência da perda de tempo) e torcia. Não, não chegava ao extremo de acessar sites e votar nem nada. Mas torcia, ferrenhamente torcia e me deixava envolver pelas pseudo-histórias e pseudo-tramas desenvolvidas ao longo do programa. Aí, passou. Não me entretem mais, não me interessa mais.
Isso, e o fato de ter brinquedos novos pra passar o tempo. Isso, e a urgência de outras coisas pra se fazer. Nada de muito grave, mas nada tão ínfimo que possa ser trocado por um programa de televisão que possa me fazer trocar horas e minutos úteis por quase nada.
E como eu tenho noção de que o mundo sabe de mim o que eu permito que ele saiba, que jamais poderia me encontrar confinada por meses, com umas pessoas estranhas (sendo que algumas delas deverias estar sob cuidados médicos, devidamente medicadas e controladas) e que, dado isso, seria extremamente incoerente da minha parte despejar tudo de mim num blog, num fotolog, num flickr, num link qualquer encontrável na mais simples pesquisa do Google** (que, esse sim, tem milhares e milhares de olhos e ouvidos e acaba por tudo saber, tudo ver, tudo entender e tudo compartilhar), sigo sendo eu mesma, e revelando-me apenas na vida real, aos que existem para mim na vida real, aos que eu posso abraçar, e ver, e encontrar e, acima de tudo, aprender a confiar.
Até porque de exposição, não há exposição maior do que escrever e publicar.
* Notaram o aportuguesamento da fala? Eça de Queiroz puro, e sua avassaladora influência.
** Desafio meme que a Bia me propôs e que eu topei, só para ter a certeza de que, das respostas, nenhuma das tantas primeiras se refere a mim.

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