Ok, quem me conhece um tantinho mais acaba descobrindo uma faceta das mais bizarras da minha personalidade, que é ser totalmente inapta a falar sobre sentimentos, especificamente sobre o que eu sinto, e, afunilando ainda mais o assunto, sobre o que eu sinto pelas pessoas que eu gosto. Meaning, que encontro sérias e absurdas dificuldades de dizer o quanto eu gosto das pessoas. Ao menos assim, com essas palavras, tão simples, tão diretas e tão completas de conteúdo.
Reparei nisso hoje, ao me despedir da Pati, que amanhã retorna para a jungle city onde habita e trabalha, perdida lá no meio da selva amazônica (não, não é força de expressão. Ela contou que caminha um quilômetro para chegar no pier do Rio Solimões, onde entra numa embarcação para, depois de trinta minutos navegando, chega a Coari, que é a cidadela onde ela entra num avião para sobrevoar por uns quarenta minutos sobre a floresta até chegar a Manaus, onde às vezes fica num hotel para pegar o avião no dia seguinte para ir até São Paulo, ou Brasília, para daí então, depois de algumas outras horas de vôo, chegar aqui em Porto Alegre. Ufa, eu cansei só de contar, imagina passar por tudo isso!), que em vez de dizer o quanto ela é importante e o quanto eu sinto falta de poder encontrar com ela toda a semana, apenas disse " vê se te cuida, tá", do jeito tipicamente mandão que eu assumo nessas situações. "E vê se dá notícia.", pra completar. Silly me.
Que burra que eu sou, sabe, totalmente não domesticada para essas situações. E é pior, porque é com todo mundo. Quer dizer, eu acredito que seja com todo mundo, uma vez que apenas recentemente passei a reparar nessas coisas de querer dizer uma coisa e da boca saírem outras palavras, com outra entonação. E devo dizer que com o agravante de uma despedida, ah, daí sim que a coisa toda desanda e se perde.
Mesma coisa com a Carol, quando caminhamos com ela até a porta do shopping, pra ela pegar o ônibus. "Já te dei a ficha", eu perguntei bem abobada, quando deveria ter dito que fico feliz de ver que ela está bem, ou pelo menos em vias de ficar bem.
E acho que é assim com todo mundo, mesmo, infelizmente. É horrível a sensação de engasgo, de ai, e agora, e o pânico de abrir a boca e a voz sair diferente do que eu reconheço como minha voz, e as palavras se atravessarem assim.
Prometo me tratar. Acho que tendo consciência dessa deficiência - inabilidade, incapacidade, ou disfunção, you name it - fica melhor de resolver. Deve haver algum 12-step program qualquer específico para expressão sentimental (hey, that's an idea!!) que eu possa seguir pra tentar melhorar.
Nesse meio tempo, você, que me lê, se me escutar lhe dizer autoritariamente "vê se se cuida" ou "avisa se está viva", ou qualquer coisa horrível deste gênero, tenha um tanto de compreensão e paciência. Até que eu aprenda a falar as palavras que realmente quero dizer (ou então encontrar uma forma de aparecerem legendas logo abaixo de do meu rosto, que mostrem a tradução do que eu digo, o que vier primeiro), saiba que o significado disso tudo é dizer que gosto de você, e que me preocupo, e que espero que possamos nos reencontrar o quanto antes.
Ufa. Até escrever sobre isso foi difícil. Agora me dá licença que eu vou ser fútil um pouquinho ali pra desopilar e já volto.
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