novembro 27, 2007

the sun goes down, and in its own way, in this blue shade, my tears dry on their own

Nothing left to say but this.


(Mentira. Tem muito que dizer, tem muito que explicar, tem muito que precisa caber nesses pequenos espaços que tenho para me organizar e parar e refletir sobre mim mesma e sobre como me insiro no mundo e sobre como altero o mundo ao meu redor pelo fato de estar nele, mas essas coisas não cabem no agora, no hoje, no tão tarde deste agora de uma e pouco da manhã, então simplesmente tento resumir tudo tudo tudo nessa mísera frase que não diz quase nada, que é só abrangente mas tão vazia, que deixa tanto espaço para interpretação, justo eu que sou tão preocupada em ser específica, que acho tão importante ser sempre bem específica, ser compreendida, me fazer ser entendida, e de repente assim do nada o fim dos meses que leva ao fim do ano me engole e me leva de arrasto, e eu simplesmente caio de joelhos, e eles doem e ficam com a pele esfolada e arde tanto na água desse mar-agitad0-tsunami-maker que é a minha vida que parece que nunca mais, nunca mesmo, poderei me reerguer e sentir meus pés de novo em solo firme, poderei caminhar pelas minhas próprias pernas movidas pela minha própria vontade, porque simplesmente rolo feito pedra, feito seixo, feito concha vazia, nesses meses que viram final de ano que são ondas nesse mar, e eu já disse que é um mar-agitado-tsunami-maker esse da minha vida?, e você já reparou que sempre que alguém quer fazer uma metáfora com algo fora de controle, especialmente relacionado aos sentimentos, sempre encontra uma imagem de água, de chuva e tempestade, de mar e oceano, de ser gota e não ser nada e estar no fundo e não ter fôlego de chegar na superfície, e como ficam sempre com ares de lugares-comum, de clichês, você não acha?, mas, não, não era esse o assunto, o assunto era que sim, estou sem fôlego, estou mesmo longe da superfície, mas só porque não consigo parar para respirar, não consigo parar para pensar, não consigo mais parar para simplesmente descansar as pernas e botar um curativo nos joelhos esfolados de tanto rolar nas pedrinhas do fundo desse vai-e-vem-feito-onda-com-repuxo que acaba sendo o desenrolar de dias que viram meses que chegam logo no final e se tornam num piscar de olhos, ou, melhor dizendo, num vai e num vem dessa coisa feito onda com repuxo, o fim de mais um ano, numa movimentação absurda, seriam as moléculas ou o calor, ou a pressa de chegar no outro ano, ou a ansiedade de fazer tudo que ficou faltando fazer no ano todo caber nesses poucos dias que faltam, ou o simples medo de chegar ao fim de alguma coisa, ao fundo do poço, ao fundo abissal desse mar-agitado-em-ebulição e raspar as mãos tentando dar um impulso para voltar à superfície, nessa movimentação estranha e insana que vai de lugar nenhum para um outro ponto qualquer não identificado, mas também não é importante agora, porque continua sendo tarde, por mais que fique tergiversando e divagando e mudando os rumos da conversa, uma vez que não consigo muito mudar os rumos da História, sabe, e continua sendo o pouco que diz a frase ali sozinha, perdida, pendurada feito enfeite de natal esquecido para fora da caixa depois do dia de reis, e uma vez que tudo tudo tudo o que me é importante e essencial e que está me acontecendo por agora não cabe, nem caberia mesmo que eu tentasse, nesse resumo tão vazio de uma frase tão abrangente, não adianta nem tentar continuar a escrever, até porque preciso dormir, preciso descansar para estar acordada amanhã - hoje, já é hoje, ui! - e bem e atenta para de repente, talvez, quem sabe, consiga respirar fundo, encher o pulmão e descer bem fundo nesse mar-rio-tempestade-tsunami-arrastão-com-repuxo que é a minha e faça as rodas que giram o mundo e fazem a História ir adiante pararem por alguns instantes, alguns minutinhos me bastam, juro, para que eu possa sentar e contemplar o caminho que trilhei até aqui, e para que possa escrever tudo que se passa na minha cabeça e possa considerar com calma tudo todas as possibilidades de porvir e, quem sabe, numa chance difícil, consiga finalmente explicar e contar o tudo que me ocorre e que ocorre no mundo em que estou e que ocorre por desejo e ação minha e que sirva para explicar e organizar os pensamentos, para que os próximos passos, sejam eles passos por própria vontade, ou passos levados de arrasto, possam ser mais cheios de consciência e mais completos, sem espaços para interpretações ou vazios que não me servem.)

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