novembro 27, 2007

the sun goes down, and in its own way, in this blue shade, my tears dry on their own

Nothing left to say but this.


(Mentira. Tem muito que dizer, tem muito que explicar, tem muito que precisa caber nesses pequenos espaços que tenho para me organizar e parar e refletir sobre mim mesma e sobre como me insiro no mundo e sobre como altero o mundo ao meu redor pelo fato de estar nele, mas essas coisas não cabem no agora, no hoje, no tão tarde deste agora de uma e pouco da manhã, então simplesmente tento resumir tudo tudo tudo nessa mísera frase que não diz quase nada, que é só abrangente mas tão vazia, que deixa tanto espaço para interpretação, justo eu que sou tão preocupada em ser específica, que acho tão importante ser sempre bem específica, ser compreendida, me fazer ser entendida, e de repente assim do nada o fim dos meses que leva ao fim do ano me engole e me leva de arrasto, e eu simplesmente caio de joelhos, e eles doem e ficam com a pele esfolada e arde tanto na água desse mar-agitad0-tsunami-maker que é a minha vida que parece que nunca mais, nunca mesmo, poderei me reerguer e sentir meus pés de novo em solo firme, poderei caminhar pelas minhas próprias pernas movidas pela minha própria vontade, porque simplesmente rolo feito pedra, feito seixo, feito concha vazia, nesses meses que viram final de ano que são ondas nesse mar, e eu já disse que é um mar-agitado-tsunami-maker esse da minha vida?, e você já reparou que sempre que alguém quer fazer uma metáfora com algo fora de controle, especialmente relacionado aos sentimentos, sempre encontra uma imagem de água, de chuva e tempestade, de mar e oceano, de ser gota e não ser nada e estar no fundo e não ter fôlego de chegar na superfície, e como ficam sempre com ares de lugares-comum, de clichês, você não acha?, mas, não, não era esse o assunto, o assunto era que sim, estou sem fôlego, estou mesmo longe da superfície, mas só porque não consigo parar para respirar, não consigo parar para pensar, não consigo mais parar para simplesmente descansar as pernas e botar um curativo nos joelhos esfolados de tanto rolar nas pedrinhas do fundo desse vai-e-vem-feito-onda-com-repuxo que acaba sendo o desenrolar de dias que viram meses que chegam logo no final e se tornam num piscar de olhos, ou, melhor dizendo, num vai e num vem dessa coisa feito onda com repuxo, o fim de mais um ano, numa movimentação absurda, seriam as moléculas ou o calor, ou a pressa de chegar no outro ano, ou a ansiedade de fazer tudo que ficou faltando fazer no ano todo caber nesses poucos dias que faltam, ou o simples medo de chegar ao fim de alguma coisa, ao fundo do poço, ao fundo abissal desse mar-agitado-em-ebulição e raspar as mãos tentando dar um impulso para voltar à superfície, nessa movimentação estranha e insana que vai de lugar nenhum para um outro ponto qualquer não identificado, mas também não é importante agora, porque continua sendo tarde, por mais que fique tergiversando e divagando e mudando os rumos da conversa, uma vez que não consigo muito mudar os rumos da História, sabe, e continua sendo o pouco que diz a frase ali sozinha, perdida, pendurada feito enfeite de natal esquecido para fora da caixa depois do dia de reis, e uma vez que tudo tudo tudo o que me é importante e essencial e que está me acontecendo por agora não cabe, nem caberia mesmo que eu tentasse, nesse resumo tão vazio de uma frase tão abrangente, não adianta nem tentar continuar a escrever, até porque preciso dormir, preciso descansar para estar acordada amanhã - hoje, já é hoje, ui! - e bem e atenta para de repente, talvez, quem sabe, consiga respirar fundo, encher o pulmão e descer bem fundo nesse mar-rio-tempestade-tsunami-arrastão-com-repuxo que é a minha e faça as rodas que giram o mundo e fazem a História ir adiante pararem por alguns instantes, alguns minutinhos me bastam, juro, para que eu possa sentar e contemplar o caminho que trilhei até aqui, e para que possa escrever tudo que se passa na minha cabeça e possa considerar com calma tudo todas as possibilidades de porvir e, quem sabe, numa chance difícil, consiga finalmente explicar e contar o tudo que me ocorre e que ocorre no mundo em que estou e que ocorre por desejo e ação minha e que sirva para explicar e organizar os pensamentos, para que os próximos passos, sejam eles passos por própria vontade, ou passos levados de arrasto, possam ser mais cheios de consciência e mais completos, sem espaços para interpretações ou vazios que não me servem.)

novembro 22, 2007

Thanksgiving!

Ok, there's no way I can speak of Thanksgiving and not do it in English. So I'm sorry Portuguese-readers, but this is the best way I can do it.

I wasn't able to fully understand the North American culture until came November, and, with it, the Thanksgiving holidays. The whole idea of a country ideals based on giving grace for the opportunities, for the food, for a shelter, for the possibility of a life lived in freedom, just fascinated me. Ok, ok, things aren't really as pinky and flowery as I was seeing it, I know, there are stories of persecution, and witch-hunting, both literally and metaphorically, but since we tend to see only what we want to see, I chose to look at the History from a positive - pinky and flowery - perspective.

Well, continuing. I thought the idea of a continuous act of giving thanks for the good things in life was a very way of living, since you would always be aware of the blessings and the graces in life. Since that year I try, from time to time, to make a list of everything I should be grateful for, even on the dark moments (just like this one I'm going through...), even when it's seems there's nothing good or helpful or useful or a lesson for times to come.

Today I didn't send any email for those I cherish in life. I didn't send message or anything. Yes, I feel bad about it. But I also feel bad about so many things right now (my professional choices, mainly, and some personal-relations choices) that I can live with it, specially because I try to be thankful for the people I love everyday I can, using all opportunities to tell them (ok, in my own weird twisted way, but, still, a way of telling) how much they are important.

It's easy, simple, if you think about it. But it gets harder and harder to do it toward people as closer and closer they are to me. Family it, by far, the hardest! So please forgive me if I enver said it with all the words, but please aknowledge that you are very important to me and I love you.

So, inspired by a great idea of blog-community, that I came to know through a Selfportraier, I decided to do the same, and make my own thursday-thirteen-thanksgiving list.



1. The capacity to observe the world around me and to ponder about all. I'm very thankful for being able to see the different points of view in all matters, even if, at the end, I choose the one that suits me better, eventually being a bit stubborn.

2. The capacity to be filled with wonder. Still. Again. Time and time over. What really makes me happy is that no matter how many tears may fall, my eyes still can see the beautiful things out there.

3. The capacity of forgiving. I could never imagine a human heart would be able to deal with and process so much hurt. But it can, and, most important, it can heal from the forgiveness, and become stronger.

4. The ability to create. Put the words together, relate two different subjects and make them bigger by mixing them up, connect people, ideas, ideals. Nothing makes me happier than realizing the result of all the craziness and madness and confusion that goes on in my mind most of the time can become something good, beautiful, admired.

5. The capacity to learn. Needless to say more, nothing would be possible, in my life and in the History of humankind, if we would have to re-invent the wheel everytime.

6. The sense of compassion. I think compassion is the base in which a relation can grow with kindness and respect. It's empathy that makes us humans.

7. Technology. But nothing of the obvious you might say, like cellphones, internet, virtuality, ipods and stuff. I'm talking about the basics in the changes technology started. I'm grateful for electricity. I'm grateful for escalators. For air conditioning. For the radio and the telegraph. The real technological revolution.
8. Food. For nutrition or delight. The diversity of flavours and combinations. I include here beverages, in general, and wine, champagne and Coca-Cola in particular.

9. Books. All the knowledge, thoughs, researches, theories and stuff wouldn't go as far as reproducing stem cells for cure if we still had to memorize every information in chants and poetry. We would spend so much time memorizing and singing we wouldn't be able to do anything else. But if you have a book, well, you can take information and other people's discoverys and ideas everywhere.

10. Poetry. Mother of all fiction, the origin of literature. Representation of emotions, translation of beauty for human language.

11.Photography. The invention that changed the way the world saw itself. The possibility of capturing a moment, a reaction, a change, an ephemera move. A picture becomes a registration of the thousand words and meanings (to use a very well known cliche!) that one might never how to express with actual words.

12. Will power. I'm very thankful for realizing that no matter how hard a task my be, determination and a true desire can take me far.

13. The ability of love. The main reason behind most things I do and say and reach out for.



But, mostly, I'm thankful for all the people I met and helped me be a better person.

novembro 19, 2007

A imagem e eu

Acabei de me ver na televisão. Fui entrevistada hoje à tarde para o programa Livro Aberto, que o professor Juremir Machado da Silva apresenta no canal da Pucrs, com o CK, sobre o Inventário das Delicadezas, entre outras coisas.

Na hora eu imaginei que ia ficar horrível. Estou branca, com olheiras, descabelada, toda torta. Fiquei nervosa, não sabia onde colocar o pé, não sabia o que fazer com as mãos, falei sem olhar pra câmera.

Mas me diverti. Ele foi super atencioso, e realmente tinha lido o livro todo antes da entrevista. E, claro, os assuntos tergiversaram sobre tudo e mais um pouco.

Só não sabia que ia ficar tão horrorosa no vídeo! Dear heaven, please stop me! Tem um diálogo ótimo no Friends, quando eles estão vendo o vídeo do Prom da Monica e da Rachel, e o Chandler nota como a Monica estava gorda, e ela explica que a camera adds ten pounds.

Ele pergunta, como perguntaria pra mim, se pudesse, how many cameras are on you, no momento da gravação.

Ainda bem que a escrita é uma atividade solitária, longe dos holofotes, sem a necessidade de um público que a consuma no momento da produção. Acho que morreria, se tivesse que me colocar no youtube cada vez que fosse escrever qualquer coisa. Sem falar nas caretas. Nunca vi, nem tenho como confirmar, mas tenho quase certeza que faço caretas enquanto escrevo.

Ui!

= = =

Frescurites à parte, para quem quiser ver, o programa reprisará amanhã, dia 20, às 22:30, depois na sexta feira, às 13:30, e depois sábado e domingo às 18:30. Pra quem não tem o canal, pode acessar a http://www.unitv.tv.br/ e clicar em assistir agora, no horário agendado. A programação fica disponível no site, mas tem que ter realplayer.

Bem simples. E a imagem fica bem pequenininha, então não dá nem pra reparar na minha bochecha vermelha de calor nem nas minhas unhas quebradas!

novembro 16, 2007

Wearing my heart out

(this post was written for Self Portrait Challenge, but I enjoyed so much I needed to post it here also, and include my picture for october's theme)


When I hear about this month’s theme, I got excited about the possibilities. I could choose one of my many pictures with favorite dresses or nice haircuts or the right colours to go with my skin. I thought of such amazing lines and decided to start a photo session with my wardrobe in order to test the best look for me. It all seemed great. I could almoust read the words in my mind get up together. It would be great!


Until last week. I attend to Fronteiras do Pensamento, a project of seminars and classes with intelectuals and researchers and people who think about the world as it is, and how to enhance it, from all countries. I’ve been attenting to this lectures since the begining of the year, and it’s been great. I mean, I thought it was just great. Until last week. Until I had the opportunity to hear Camille Paglia and her astounishing ideas about the image of women throughout History, and the effects on our self-image today of the images several cultures have been making of women and how this image has changed since the early ages of manking.


And then it hit me. We are not just what we are, or what we think we are. We’re, also, either we like it or not, a social construction, a desire of fulfill the current cultural concept of what a woman should be, or, being specific, should look like. And how amazing it is to be aware of the influence - mostly negative, by the way - that we suffer from television, magazines, concerts of pop artists, the fashion industry, advertising, and basicly anything that intends to send out a message.

We don’t realize it, but we buy it. We buy this ideal - and also utopic - concept that beauty, nowadays, means thin, means tall, means slim, means fit. Today’s beauty goes against what a regular, average, woman’s body looks like, and should be, considering that our bodies should have a certain shape in order to hold a pregnancy and to be able to provide nourishment to a baby.

So, we buy this “victoria’s secret” ideal look and go crazy (well, me, at least) to fit in the beauty concept, and if we don’t look like a long-legged, tall, slim-figured, model, we can conclude that we’re not pretty enough for the world.

Well, I wrote all this because I wanted to take a different perspective on the what-i-wear theme. I wanted to say, in a sentence, that I feel good in my own skin, wearing my own body, my own self, and that I’m realizing that beauty is relative, and since its meaning can change as societies change, I’m offering my vision of beauty: people wearing out themselves, free of embarrassment or criticism.

That’s why I chose the pictures posted in SPC. I'm not posting them here, because they belong to the project, and you can see them there. But as I look at them, I see, in each one, someone’s heart, someone’s feeling, someone’s true self.

It can be hope, it can be a fear, it can be a wound, and, what is in my opinion the prettiest of all, it can be love, in the simple gesture of embracing a baby.


And since I don't have a picture of me wearing what I feel most comfortable in, I post a photo of the tattoo I proudly wear now for over two years!


novembro 14, 2007

Conclusion


It's worthless to live. What matters is to celebrate.
(Ou, em bom português: de nada vale viver. O que vale é celebrar.)

Sleeping beauty

Acordei-me há pouco porque estava tocando na rádio "she drives me crazy" e as imagens da Miss Piggy perseguindo o Kermit the Frog num clip com o Bruce e a Demi, quando ainda eram um casal, entre outras personalidades, invadiram minhas idéias e me tiraram de vez do sono profundo em que me encontrava desde que cheguei em casa, hoje, depois do trabalho. Quer dizer, eu já vinha dormindo antes, no ônibus, mas estava preocupada em perder a parada - isso acontece com alguma frequência, então é melhor cuidar - então não conta como descanso.

Estava exausta. Cansada da maratona feira-atividades da feira-passo fundo-viagem-outras coisas que cansam e não cabem falar aqui-mais atividades-volta ao trabalho. Estou ainda cansada do trabalho que faço, mas para isso um plano já está em elaboração. Estava fisicamente cansada, com o sono atrasado, de uma deliciosa janta ontem, em que fez-se o inverno só pra combinar com a comida e com o vinho, em que eu quebrei a unha e machuquei o dedo e fiquei me sentindo boba porque precisava do silêncio, e fiquei lá só ouvindo, e depois me dei conta que há momentos de silêncio em mim que não significa silêncio no mundo.

Como nos minutos que antecedem uma tsunami, a água se retrai, se encolhe, silencia, volta para dentro de si, para juntar forças e aumentar de tamanho e multiplicar o poder de levar tudo embora, de empurrar, de causar um tanto de destruição e provocar muito de reconstrução.

Estou agora acordando mesmo, sentindo o corpo estalar e esticar feito caule que abre uma folha nova, os dedos ainda dormentes de segurarem o travesseiro ainda passeiam por algumas letras erradas, e eu tenho que voltar e concentrar. O corpo demora a acordar, bem mais que as idéias.

Falei com milhares de pessoas nessas poucas horas de soneca da tarde. Não me lembro exatamente o que conversei com todos, só sei que falei. Se eu falei alguma bobagem, desculpem. Agora vou ali tomar um chá e ver se termino de acordar.

novembro 13, 2007

Circunvoluções

O mundo segue em circunvoluções, mudando de pouco em pouco o diâmetro, a direção, e assim segue em frente com diminutas diferenças de direção de uma volta para a outra, desenhando uma espiral, um ângulo quase imperceptível no universo.

E enquanto o mundo move, movemo-nos nós, em direções opostas, distintas, achando bem felizes que somos nós a comandar a dança das estrelas a nossa volta, nem percebendo que estamos conectados pela inércia a esse trajeto volteado, enrolado, quase ao redor de si mesmo que é o girar do mundo. E acreditamos que sabemos onde estamos, e quando, e quem somos, e porquê.

Quando é que percebemos que estamos num lugar completamente diferente do que imaginávamos, do que desejávamos? Quando é que nos damos por conta de que o mundo girou e mudou a rotação in spite of us? Apesar de nós, indiferente a nós e às nossas coleções de desejos e dores que fiamos feito rosário para nos lembrarmos de quem somos, uma cantinela que nos impede de esquecer por onde passamos, os buracos por onde caimos, todos os andarilhos que, como nós, estão à deriva nessa rota infinita e que nos machucam ou nos lambem as feridas.

Quando é que fazemos a pergunta certa para as respostas que recebemos todos os dias? Quando é que percebemos que as perguntas e respostas não importam, porque seguimos, apesar do mundo, apesar das microscópicas alterações de rota do mundo, e que sempre acabamos num lugar diferente do que começamos? E se percebemos isso, a percepção tem a capacidade de nos fazer melhor ou apenas mais céticos, um tanto mais tristes, menos habilitados a acreditar?

No fim, isso não faz a mínima diferença, porque continuaremos a desejar que as mudanças sigam pelos caminhos que queremos, e o mundo continuará alterando sua rota, sua infinita rota, numa fração de quase nada nas voltas que faz ao redor do próprio umbigo, desenhando uma curva bela infinita involuntária pelo sem-fim.

novembro 08, 2007

Das Feirices e dos planos bonitos

Então que uma coisa ruim acontece e eu tento me vingar e ser má mas sou mooshy inside e choro e me derreto porque percebo que os atos ruins são apenas vergonhas, ciúmes, pequenas inseguranças que não levam a lugar nenhum. Acontece que eu acho que levam, as coias sempre levam umas às outras, e se a gente não cuidar por que coisas está se indo pode acabar se perdendo.

Pois que depois das coisas ruins (e de quase chorar em público diversas vezes, desde ontem, por um motivo pequeno e bobo, vejo agora apenas que é um motivo pequeno e bobo diante da imensidão de coisas que podem nascer, e nascer e levar por bons caminhos, a partir do gesto mesquinho que me fez quase chorar em público por diversas vezes, desde ontem) a vida sempre me agracia com oportunidades de compensação, e, devo dizer, boas oportunidades de compensação.

A vida sempre merece umas borbulhas, uma sábia amiga já disse, e ela não disse exatamente assim, mas é assim que eu leio, e hoje nos encontramos numa conjunção de momentos ruins, dela e meu, e nos olhamos e de imediato concluímos que merecíamos umas borbulhas de comemoração, mesmo que o motivo fosse inventado. Aliás, invencionices é o que há.

Pois eis que - e aqui é que a vida nos compensa porque se um momento ruim leva a outro, e assim so far, no momento em que sabemos pular do bonde que leva ao Reino do Baixo Astral (onde encontraríamos o Guilherme Karam numa maquiagem exagerada e ridícula) para o iate que singra em mares deliciosamente habitados por sereias e baleias falantes e cavalos trotantes e Princípes dos Reinos das Águas Claras, nesse momento passamos a desfiar o rosário das coisas boas, das epifanias, das iluminações, e é este o ponto que interessa voltar à narração - eu soube ver o barco, mesmo que ao longe, e nos atiramos de peito aberto em mares profundos até alcançarmos a bóia que nos içou até o convés de onde fizemos tchauzinho, num gesto muito de miss, para o bonde ainda lotado.

E assim ainda encontramos (ou melhor, recrutamos) alguns outros de nós - nós que queremos mudar o mundo e ainda acreditamos que podemos, e insistimos em encontrar maneiras de fazê-lo -e nos reunimos e tivemos algumas boas idéias e compartilhamos uns tantos momentos alegres, mesmo que fugazes, e presenciamos paixões (acompanhamos, feito novela, melhor dizendo, pelas mensagens celulares) e pudemos nos sentir um pouco mais que dust in the wind, assim, reles seres rastejantes e pequenos no desenrolar da história do mundo.

Porque sou cheesy e mooshy e manteiga mais derretida que gelo em asfalto no verão, as coisas belas e boas da vida me tocam mais que as coisas ruins, e eu acabo contabilizando-as muito mais, e querendo registrar muito mais isso tudo que me engrandece e me enriquece e deixa algemado o monstro cinza e mau e vingativo que mora em mim.

E só porque eu sou praticamente uma teddy bear, com todo o recheio em espuma tão frágil e tão sensível, eu mais que quase choro, mesmo em público, com elogios, ainda mais sendo tão belos e gratuitos, sem eu ter feito nada de mais naquele instante, apenas estando ali.

Obrigada aos barqueiros que singram esses mares de coincidências e encontros e trocas de não fazer nada por pensar junto maneiras divertidas de ser item de estudo das gerações vindouras.

novembro 07, 2007

ARGH

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARGH.






(tá, ok, não faz o menor sentido, mas eu precisava gritar de alguma forma. E, considerando que estou com dor de garganta e sem voz, fica um tanto difícil ao vivo. Ah, sim, tem uma explicação. Tem várias, na verdade, mas eu prometo deixar ao menos uma.)

novembro 01, 2007

Adorable

Não que eu ache isso possível, ainda mais dentre os poucos leitores que devo ter, mas para não haver dúvidas de quem é a Pucca, segue a foto.


(Até porque ela é muito muito fofa e merece muitas e muitas imagens aqui.)

Miscelanious

Já chove. De novo. Ao menos assim passa a minha dor, eu espero.

Tenho tido várias e várias idéias de posts e assuntos que realmente acho relevantes de serem divididos, ainda mais agora que tenho leitores (uns cinco ou seis, mas ainda assim leitores). Só que ainda não me acostumei de todo com o teclado do computador novo (que é lindo, que é vermelho, que funciona, que é assim uma Ferrari, mas que tem um teclado meio estranho, ainda mais pra quem estava acostumada com um teclado macio e dedilhável como o da compaq), ainda tenho receios. Mas este blog é all about overcoming all fears, então desisti de dormir cedo, uma vez que independente da hora em que for dormir sei que vou invariavelmente acordar cansada e com sono e com a sensação de que o dia de ontem ainda não acabou e que hoje não passa de algumas horas a mais de ontem, que não passa de algumas horas a mais no anteontem e assim por diante. Isto posto, mantenho-me acordada e escrevente. Vamos ver se chego ao fim dos assuntos.

Ontem teve o Fronteiras do Pensamento com a Äsne Seierstad e o Moacyr Scliar. Ela é a jornalista que escreveu o Livreiro de Cabul, entre outros, que eu ainda não li. Acontece que ela é fofa, simpática, com uma visão do jornalismo bem parecida com a minha, e com um posicionamento frente ao mundo - e frente às críticas que recebeu por causa do livro -que eu compreendo e aceito e acredito que estão corretas. Ela estava contando, entre outras coisas, que assistiu à derrubada da estátua do Saddam Hussein junto com três amigos de infância, dois homens e duas mulheres, e que eles, até então, não sabiam se concordavam ou não, politicamente falando, porque jamais haviam tocado no assunto, jamais haviam conversado sobre, uma vez que não havia nada a ser dito. Ela contou que o que mais lhe chamou a atenção foi o fato de um dos homens estar chorando de felicidade enquanto que o outro chorava de tristeza. Os dois amigos acabaram por brigar e se separar definitivamente, uma vez que passaram a habitar dois lados opostos no espectro sócio-político criado no país a partir da queda do ditador. Apenas a mulher não exibia reação nenhuma. E a repórter questionou-a sobre o que sentia ao ver a estátua sendo derrubada, a história sendo destruída e iniciada num novo ponto. A mulher simplesmente respondeu, ela contou, que não queria saber de nada daquilo, que não sentia nada a respeito da estátua, que não queria pensar sobre o assunto. Que pensava apenas, ela contou, sobre a comida que continuará a buscar e preparar, sobre os filhos que continuará a cuidar e limpar e ensinar, sobre a roupa que continuará a lavar, porque, afinal de contas, concluiu a iraquiana, a vida tem que continuar. Apesar das guerras, apesar dos lados, apesar do que se pensa ou não se pensa a respeito dos acontecimentos. Re-relato aqui a história testemunhada pela Äsne porque é o tipo de história que eu gostaria de ter vivido pra contar, e é o tipo de história que, acredito, ilustra bem o quão a humanidade (e, por estarmos falando em guerras, homens em geral) se separam e se dividem e se torturam e se matam por motivos muitas vezes estúpidos, que poderiam ser mais facilmente, menos dolorosamente, resolvidos caso a perspectiva tomada fosse de que a vida tem que continuar. De que crianças continuarão a nascer e crescer, e que pessoas continuarão a sentir fome e sede e continuarão a buscar respostas, seja pela fé ou pela ciência, e que isso é sempre bem mais importante do que ver quem tem mais armas ou quem mata mais inimigos.

Tenho me deparado com várias possibilidades de projetos literários, o que me deixa bem feliz. Basta ter foco e tranquilidade, coisas que estão um pouco longe, na prateleira mais alta que eu ainda não consigo alcançar.

Fora isso, tenho a intenção de catalogar todos os meus livros. Quer dizer, tinha pensado a respeito, e concluí que seria fácil, com base na olhada rápida pelos livros que tenho aqui no meu quarto. Lembrei agora que tenho ainda duas (seriam ainda três♥) caixas com livros, intocadas desde a mudança. Aí já fica difícil, porque tenho que decidir por onde começar e se abro as caixas e, caso faça isso, onde colocar todos esses livros!!! É muita coisa pra pensar. É muita coisa pra fazer e tão pouco tempo livre.

Sem falar que preciso urgentemente arrumar o meu armário. Tirar as roupas que não uso mais, embalar e encaixotar as roupas de inverno, separar blusas, calças, vestidos, colocar tudo em ordem e, principalmente, manter tudo ordenado. E não fazer como estou fazendo nesses últimos dias de apenas empurrar tudo pra baixo e fazer lugar para uma nova camada de roupa que eu não sei onde armazenar e deixar assim. Me oprime saber que está tudo caótico lá dentro.

Dei uma de criançola e comprei várias cartelas de figurinhas da Pucca. Eu amo a Pucca! A intenção era escolher um bem bonito e colar no computador lind-novo-rápido-vermelho. Mas tem a questão da cola, que depois de um tempo deixa de funcionar e deixa uma gosma nojenta e difícil de tirar. Ainda não colei, e já estou reconsiderando a idéia.

Fui na Feira, de novo. Comprei mais três livros, que estavam na minha intenção de compra desde segunda feira, e daí, acabou. Não compro mais nada. Chega. Até porque me oprime a quantidade de bancas, me deixa indecisa a quantidade de títulos e assuntos e capas bonitas que podem levar a boas histórias. Sem falar na confusão de gente, no burburinho ensurdecedor e no calor insuportável que, num dia como hoje abafado, úmido e sem vento, fica embaixo daqueles toldos com todas as gentes em volta. Ui. Não, calma, é só um chilique, é só uma leve falta de ar. Me dá um tempo que eu fico boa.

Hoje (ontem) foi Halloween. Nem me lembrei, até me deparar com monstros e assombrações por todos os lados, no trabalho. Há dias em que eu tenho absoluta certeza de que algum hospital psiquiátrico pega seus pacientes e leva lá onde trabalho para o fieldtrip do mês, pra ver se a convivência com muitas pessoas ao mesmo tempo pode ajudar na terapia. Acredito que não deve ajudar muito no caminho da cura pros pacientes, mas certamente colabora para levar a mim e aos meus colegas para a insânia.

Há dias, semanas, que não escrevo na agenda. É sempre assim, quando chega o final de ano e a quantidade de eventos e atividades se avoluma. E eu sempre me sinto culpada.

Peguei um taxi, ontem, na saída do Fronteiras e, perguntada pelo motorista, expliquei o motivo de tanta gente estar ali, ao mesmo tempo. Expliquei que era um ciclo de palestras e que os assuntos eram os mais variados e que blablabla. O taxista, intrigado, me perguntou se estava participando porque eu queria ou porque a empresa mandava - pra essas coisas de trabalho, sabe, que o chefe obriga a pessoa a fazer. Ele recebeu a minha resposta espantadíssimo! E achou ainda mais absurdo pensar que, das mil e tantas pessoas que participam, a maior parte também estivesse lá por opção. Por fim ele concluiu que era muito legal para o mundo que tantas pessoas se juntassem, ao mesmo tempo, para aprender coisas sobre como melhorar o mundo.

Há poucos minutos, logo depois que comecei a escrever, a chuva havia parado. Agora mesmo recomeçou. E cai com tudo lá fora fazendo um barulhinho delicioso sobre o toldo do pátio. Assaz convidativo para dormir. E os assuntos que ainda estão na pauta - prometo! - ficam pra amanhã.