outubro 02, 2007

E o que mais interessava à platéia era saber sobre o Che...

Sim. Absurdo, total falta de noção das pessoas.

Hoje teve a palestra com o John Lee Anderson, jornalista norte-americano, ou, um dos caras que escreveram uma biografia do Che Guevara, ou, um excelente pensador e crítico de sua própria cultura e, por consequência, do mundo. Lá no Fronteiras do Pensamento.

O cara é ótimo. Objetivo e mordaz, ácido sem deixar de ser bem humorado, na medida. E um excelente repórter, pois todos os fatos que narrou na hora e meia, mais ou menos, que durou a palestra e a sessão de perguntas, foram relatos honestos, objetivos, diretos. Ótimos.

O que mais me intrigou foi que as pessoas, quando foi aberta a oportunidade de enviar as perguntas, não queriam saber sobre a experiência dele no Iraque, e a comparação da atual situação de guerra com a guerra anterior, nem da opinião dele sobre o Afeganistão. Muito menos sobre o que ele pensa sobre a apatia da população norte-americana frente a esta guerra, com relação às outras guerras, e ao Movimento dos Direitos Civis nos anos 60. Nada. O que as pessoas queriam mesmo saber era sobre a opinião dele sobre o Che Guevara. E depois, a opinião dele sobre a biografia do Che escrita pelo Castañeda. E depois, como se não bastasse, se ele achava que o Che era um herói ou um assassino. O auge do absurdo foi quando a pergunta esbarrou no óbvio "você acha que o Che é uma figura importante para o nosso tempo".

Engraçado que, nas respostas dele, notava-se claramente a ironia. Dizendo que, dã, se ele não achava importante, ou ao menos interessante, não teria escrito um calhamaço de coisa sobre o cara. E que se as pessoas queriam saber o que ele pensava sobre o revolucionário, podiam comprar o livro dele e ler. E se ainda assim não bastasse, podiam comprar o livro do Castañeda e tirar suas próprias conclusões sobre o assunto. Eu notei a ironia. Não sei se o tradutor fez justiça com as respostas dadas.

E eu, que estava super interessada no assunto Iraque, Guerra, Futuro da Humanidade, manutenção da hegemonia norte-americana (sim, porque foi uma das poucas vezes em que um palestrante tocou neste assunto de maneira tão direta, objetiva e, acima de tudo, isenta, dando uma idéia geral do que está acontecendo lá no campo de batalha onde a coisa toda esta acontecendo, onde o sangue está sendo mesmo derramado, onde as pessoas não têm certeza se acordarão para ver o próximo sol), fiquei super-frustrada. Ainda mais porque sequer enviaram as minhas perguntas para serem lidas no palco.

Não sei que tipo de filtro ou de foco está sendo dado a essas perguntas, mas já não é a primeira vez que a parte das perguntas é tão desapontadora, simplesmente por falta de interesse, de curiosidade, de interesse, da platéia.

2 comentários:

Anônimo disse...

não sei se tu já tinha achado. se não, tá aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=BqAM2-7dvGI

AMO.

Anônimo disse...

legal, cris! de repente aparecemos lá pra jantar umas batatas!
que horas vocês estarão lá?
(eu chego de carazinho pelas 23h, às vezes podre, às vezes bem...)