Bem sei que isto não fará nenhum sentido de momento, mas também não o fazem o cair das folhas e o movimento das massas polares, no inverno.
Mas esta é uma tentativa, uma nova tentativa de redescobrir na escrita - no enfrentamento com a página em branco; no treino da mão na escrita em uma página em branco - uma leitura do mundo. Com a minha linguagem, com o ponto de vista do meu personagem, com a voz do meu narrador.
Ia falar do inverno, que oficialmente começou hoje - num irônico dia de 24°C - e como é uma parte importante do ciclo do mundo, em que as coisas da terra adormecem, se aquietam, escutam o movimento que acontece internamente, acumulam energias para a chegada da primavera, mas estou lendo Borges agora e, veja, a influência é mais forte que eu. Mas desisti ao meio do caminho, cansei, pensei melhor, reconsiderei o primeiro post - a importância dos primeiros, dos ritos de passagem, esse blablabla todo - e ia mesmo desistir, deixar pra amanhã, afinal preciso dormir, e amanhã, depois do sono, estaria mais bem disposta e mais bem preparada para este começo.
Bobagem, bem sei. Pior ainda que sei tanto que adivinhei que esse "deixar para amanhã" se multiplicaria por todos os próximos amanhãs e acabaria que ia me distrair com qualquer coisa ou me envolver com um novo projeto e daí já viu.
É que sim, tenho medo. Da exposição, da apreciação, de qualquer possível reação de fora. Tenho mais medo de mim, na verdade, de como tenho essa mania de ir puxando os fios e cansar de desenrola-los no meio do caminho e ir juntando numa pilha esses diversos novelos ainda enredados pelos cantos. Aí estava lá vendo filme - melhor dizendo, procrastinando, arrãm - e o mocinho diz para a mocinha que se não há medo não pode ser coragem. E uma vez que, como diz o título, estou em busca da superação dos medos, tomei um tanto de coragem.
E daí que é tarde. E daí que estou há dias com o sono atrasada. E daí que não é o começo dos começos que tinha em mente - junto com todo o cenário bonitinho de todo o enredo perfeitinho que eu tinha imaginado, sabe -, mas é um começo. E uma vez passada a parte tão difícil do começo, agora é só seguir em frente.
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